Daqui a cento e cinquenta anos todos os que conheço estarão mortos,
Extinta estará a raça “dos meus conhecidos”
Morto estará o meu filho mais novo
Morto estarei eu, meus pais, meus amigos...
Daqui a cento e cinqüenta anos a mulher mais bonita de agora será tão-somente um
monte de ossos e isso é um grave argumento... (Há, como admiro as mulheres !!)
O que se matou por dinheiro e o que por amor se matou serão ambos dois esqueletos,
brancos por uma angústia branca de cemitérios.
Daqui a cento e cinqüenta anos todos os sons que enchem meu mundo serão sons fantasmas...
Branca será a alegria das nossas crianças e branco será também nosso choro e desespero, quando visto em vídeotape por algum habitante do futuro...
Essa temporaneidade nos faz prisioneiros do nosso tempo enquanto revela que a ele não pertencemos, nem a ele somos destinados, nos torna construtores do futuro de gente que não conhecemos, de fantasmas de um devir que, inexoravelmente, será passado...faz de tudo um exercício vão, sem sentido: um monte branco de pó varrido por um sopro forte...dá a impressão de não sermos mais que nada, nos traz um medo profundo da morte...
Então como viver, pobre fantoche, num mundo que não é nosso ?
Tentarei esquecer,
ver as estrelas,
e AMAR o mais que eu posso !
(Dedico essa poesia a todas as pessoas que sofreram a tragédia do Haiti e de todos os Haitís diários, próximos e distantes. E aquelas que, longem da tragédia, vivem a tragédia de vê-la sem vivê-la como tragédia de todos nós...)
Tetragramatron
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Fogo cruzado por todos os lados. Numa guerra onde a munição é a soma das
palavras escritas nesse pincel que precede o amor guardado que nos antecede:
Ri...
Há um ano
4 comentários:
Meu amigo Gois Jr. você está cada vez mais percuciente em sua arte de ser poeta. Só não se esqueça que como diz o Nauro; "ser poeta é tarefa dura, e dura, consome toda uma existência". Abraços.
Hugo Sauaia
Linda e profunda a sua poesia Góis. Esta temporaneidade é que nos dá entendimento para vivermos melhor, a consciência da nossa transitoriedade nos impulsiona a desatarmos os nós que nos aprisiona ao ontem. Vamos prosseguindo, rindo, chorando,criando, rimando, cantando, amando,perdendo, perdoando, e servindo aos outros ,pois, este é o motivo de nossa permanencia temporária aqui. Beijos! Rê
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