A
mesma contemporaneidade que estarreceu o Pink Floyd em 1973, moldando
um Dark
Side of The Moon sombrio,
impotente diante de uma realidade que moi o homem tão friamente
quanto pode, parece ter sido ela mesma incapaz de afetar a Pé de
Ginja. O que quarenta anos não fazem...
É bom
que se diga que o disco de estreia do conjunto maranhense não ignora
aqueles fenômenos que deprimiram seus colegas de Cambridge, eles
apenas assumem uma postura audaciosamente dúbia com relação aos
fatos da vida. De uma maneira geral, a música transpira a
despreocupação de quem conhece as urgências da vida, mas tem
certeza de que pode e merece evitar a tortura de sair da cama quando
quiser. Segurança, esta é a pedra de toque desta nova geração,
que sabe que não deve nada a quem quer que seja.
Calma
lá. Parece muito, mas ainda tem mais. A Pé de Ginja também
representa a grande oportunidade para o estabelecimento de um pacto
de sinceridade e qualidade entre forma e conteúdo em nossa
comunidade ilhéu. A influência maior no som da banda é sim a
música brasileira, mas não se trata de algo forçado por esse ou
aquele patrulhamento ideológico. Eles apenas fazem o que gostam e
fazem muito bem.
Para
completar, gostaria de frisar a atenção com que o grupo executa
suas harmonias vocais, mais uma vez trazendo forma e conteúdo de
mãos dadas. Vá aos shows, compre o disco e não esqueça de
aplaudir sem assoviar. Vai que você deixa de ouvir alguma coisa...
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