Há, coração, não me faça rir (ou chorar), seu palhaço !
Jurei não mais seguir teus passos, que sei serem enganosos. Não me venha com piadas agora !
Sei que te acostumastes a me ver assim, pau mandado do desejo. Mas será que não notas que já é chegada a hora de parar com as brincadeiras ? Que já cai demais, que já sofri tanto com tuas asneiras que as vezes não posso ficar nem de pé ?
Ontem precisei ligar 190, chamar o SAMIGOS, estes sim, equipe de fé. Prescreveram doses homeopáticas de vinho tinto e blues na veia. O caso era grave, tive que ser removido para o bar mais próximo. Melhora geral, recuperação positiva após sessões de musica boa e cebola empanada, santo socorro de urgência.
Mas hoje, passado o efeito paliativo do tratamento, uma espécie de socorrão sentimental, vem você, coração, com as suas sopinhas. Não, não quero. Hoje nada de escrever poesias ! hoje eu quero uma prosa direta, palavra concreta, nada, nada de melodia, por favor, coração, pare !!
Porque, coração, esse duelo tão cruel com a razão ? O que perdes tu se ela um dia ganhar uma batalha ?
Serás, então, por acaso, menos coração ?
Tetragramatron
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Fogo cruzado por todos os lados. Numa guerra onde a munição é a soma das
palavras escritas nesse pincel que precede o amor guardado que nos antecede:
Ri...
Há um ano
3 comentários:
Excesso de Razão nas coisas do Coração impede, de certo modo, a Sua auto-preservação.
Ele "perde" Seu devido espaço, Suas condições peculiares de atuação, ficando, deste modo, a mercê do Mundo, e quanto mais no Mundo, mais dentro de Tudo e de Todos (logo a mercê de Todos e de Tudo).
Viver é interferência mútua, ok, e que bom!
Mas dentro dela o Coração fica literalmente perdido, e isso acontece, com mais frequência, com as pessoas mais especiais, mais sensíveis e mais intensas, que desejam viver a se entregar, e quase que em sua integralidade existencial, a todas as comuns e incomuns experiências correntes e intercorrentes, ou mesmo com as que se entregaram a tudo isso sem possuir, para tanto, os devidos "anti-corpos provenientes de um tipo de interação social não preservacionista", logo insana, danosa, perigosa, deprimente aos olhos mais especiais, sensíveis e belos (considerando a própria natureza do belo), mas, curiosamente, encontramos aí um cinza espaço para o triunfo de Corações desde que muito vermelhos.
Prefiro 1000000000000000 de vezes ficar com o que diz Di Ferrero sobre o assunto:
"Entre razões e emoções a saída é fazer valer a pena!"
Ao eu-lírico motivador do texto menos Palhaço que eu já li.
Ao Dono do Coração menos Palhaço que ainda não conheci.
Renata Lima.
o Sua da segunda linha e o Ele da terceira linha referem-se ao 'coração' e o dela da nona linha se refere a 'interferência mútua'.
está para nascer o poeta que não segue cegamente os comandos do coração, quase sempre tão traiçoeiro...
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